"Espanta-te
ainda"
Regresso a José Tolentino Mendonça, na sequência da
conversa do poeta e cardeal com Maria João Seixas, no programa
"Desassossego", na RTP2. Só ontem tive oportunidade de acompanhar
esse encontro de uma serenidade laboriosa. Ele poderia ter acontecido à sombra
da cerejeira do Japão que espalha perfume e esplendor na capa do "Elogio
da Sede", o guião de reflexão pedido pelo Papa Francisco ao agora
responsável pelo Arquivo Secreto e pela Biblioteca Apostólica do Vaticano. As
palavras "desassossego" e "sede" vaguearam pela conversa
como luzes no escuro da nossa condição. Luzes que parecem revelar um caminho
por ele perguntando. Não por acaso, o "Elogio da Sede" começa com uma
desconcertante epígrafe de Antoine de Saint-Exupéry: "Se quiseres construir
um navio, não comeces por dizer aos operários para juntar madeira ou preparar
as ferramentas; não comeces por distribuir tarefas ou por organizar a
actividade. Em vez disso, detém-te a acordar neles o desejo do mar distante e
sem fim. Quando estiver viva esta sede, meter-se-ão ao trabalho para construir
o navio".
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