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domingo, 2 de março de 2014

A máscara!






Mascarei-me de mulher fatal no entanto, para minha surpresa, o espelho não aprovou …Faltava ali, certamente, qualquer coisa! Pelo reflexo que me devolveu a falha era Imperdoável!
   Confusa…olhei para aquela imagem como se para outra mulher estivesse a olhar e inspecionei-lhe os elegantes sapatos pretos, de salto alto, que um dia trouxe de Paris… depois avaliei o sensual decote do vestido preto, em seda, que um dia comprei em Milão e por instantes recordei o comentário da lojista quando o experimentei ”Perfetto Signora! Perfetto!”
Não duvidei da sinceridade do seu comentário porque senti que realmente aquele vestido fazia parte de mim…
   O cabelo estava apanhado e a mecha que propositadamente me pendia até à curva do pescoço era certamente um detalhe aprovado…
   O perfume…era Francês e estava à altura daquele batom escarlate condizente com o verniz da mesma cor!
   Ali, também, não me parecia haver motivos para reparos!     
   Aquela mulher, tal como estava, convenceria com toda a certeza um outro espelho qualquer…mas aquele era muito exigente…especialmente com os detalhes…
   Já com vontade de desistir…refleti na dificuldade de ser mulher fatal com um espelho assim…tão perfeccionista! 
   A carteira, que segurava na mão, tinha vindo de Paris, juntamente, com os sapatos e eu sabia que a falha não estava ali…

   Afastei-me por momentos daquele reflexo crítico e foi então que me ocorreu o óbvio…



A máscara!?
   Como pude eu ter esquecido a máscara?
   Coloquei-a e confiante na perfeição agora atingida voltei a olhar para aquela mulher que o espelho orgulhosamente me disponibilizava!
Bela e Perfeita!
…de repente o som da campainha interrompeu aquela miragem e apressada apertei os cordões dos ténis…
   Abri a porta e um aroma a rosas, escarlate, veio parar-me ás mãos!
Estava elegantemente vestido e não me disse uma única palavra! 
...Depois afastou-se e hoje …já passados tantos anos desde esse misterioso acontecimento apenas lhe recordo a máscara já esbatida…
…as rosas, essas, ainda frescas, mantenho-as, ali, na jarra de cristal!
Autor: Alice Costa