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domingo, 20 de março de 2016


A Festa da primavera

     A festa da primavera era uma das mais exigentes do ano e como tal a azáfama era intensa para que nada faltasse ou falhasse!
     No dia 20 de Março…O Sol, as aves, os insectos e as flores passavam o dia entre estilistas, cabeleireiros e maquilhadores para que cada um, no dia seguinte, aparecesse no seu melhor…
     O Sol, pela trigésima vez, media a temperatura para se certificar de que não ia desiludir ninguém! A papoila retirava o último vinco do seu delicado vestido vermelho! O Pampilho ajustava a ultima pétala do seu chapéu amarelo! A Camomila testava o seu próprio perfume na parte interior do seu delicado pulso! A Joaninha olhava-se ao espelho, mais uma vez, para ver se todas as pintinhas pretas estavam bem colocadas! O Gafanhoto subia mais uma vez para o trampolim para treinar mais um pouco aquele salto em altura! O Grilo afinava o som para tornar a sua melodia mais límpida! A Cigarra dormia a sesta para repor as energias! Os Pirilampos, tremeluzentes, verificavam a intensidade da sua luz! As abelhas passavam em fila à frente da Abelha Rainha para esta lhes inspeccionar as riscas pois tinham que se apresentar impecáveis! As Borboletas ensaiavam coreografias livres! As Andorinhas em bandos, a preto e branco, preparavam espectáculos onde a sintonia entre todas era milimétrica e deslumbrante! Os Melros escovavam as penas de forma a tornar o preto mais brilhante  e os Pintassilgos chilreavam felizes!
     Depois de uma noite serena…Era chegado o dia!!! O dia 21 de Março… E então o Sol nasceu! Amarelinho como ouro exibia os seus primeiros raios…
     O Céu estava belíssimo! Vestido de um azul celeste tão belo e tão suave que apenas se via a pequena nuvem branca! Aquela nuvenzinha chamava-se fofinha e já todos a conheciam por ali pois todos os anos era convidada a participar na festa da Primavera! Os campos estavam vestidos de belos e viçosos verdes!
    E então deu-se um milagre de luzes, cores, sons e aromas! Chegaram todos…luminosos, belos, perfumados e felizes e cada um ocupou o seu lugar na primavera!
     Acordei com os primeiros raios de sol e corri para a janela… Em nenhum outro dia do ano eu corria para a janela! 
     Ela já lá estava! No mesmo sítio de sempre… Pelo menos era o que me parecia…
     Quando me viu…balançou ligeiramente as suas frágeis pétalas vermelhas! Ao vê-la não consegui suster uma lágrima!

Eu adorava a Primavera…e só a Papoila vermelha é que sabia!


Autor: Alice Costa
História publicada no 7º número da revista "Casa das Linguagens".

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