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quarta-feira, 31 de maio de 2017

terça-feira, 30 de maio de 2017

Confesso...



Confesso que...
Tenho muita dificuldade em acreditar nos humanos quando vejo o telejornal…
Mas mesmo assim procuro janelas onde me é possível acreditar naquilo que sinto e não naquilo que vejo!




Beijinhos

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Um tesouro...


Um tesouro enterrado no vaso de terracota




O Inverno era a estação do ano mais penosa para mim! As minhas forças iam ao limite e recusavam-me outro sentimento que não fosse o desalento!
Gostava de gostar do Inverno… mas cada vez que eu abria a janela, de manhã, aquele cenário cinzento a norte e a sul, da minha vida, debilitava-me o ânimo cada vez mais!
Faltava-me o sol, o chilrear dos passarinhos, o aroma a mimosas, as ameixoeiras em flor, os dias longos e leves e… os meus preciosos jacintos…
O meu vaso de jacintos naquela época do ano, para além da terra, aparentemente não tinha mais nada lá dentro…Visto assim era apenas mais um vaso em terracota! Não seduzia ninguém… mas eu sabia que aquela aparência era enganadora porque debaixo daquela terra existiam bolbos de jacinto, aparentemente Inertes, escondidos do frio e daquele cinzento torturador…
Eu meditava muitas vezes naquele mistério! Não exibiam o mais pequeno sinal de vida…nada de nada…no entanto eu sabia que ali estava um precioso tesouro enterrado! Daquela morbidez… havia de surgir a mais harmoniosa beleza…em forma, cor, aroma e simplicidade… somente comparável à das Margaridas!
Um dia ao abrir a cortina vi o que mais ansiava…dois jacintos amarelinhos a renascer! Era o prenúncio de que a primavera estava a chegar… e milagrosamente desabrocharam no dia em que as minhas forças já estavam por um fio…
Devagarinho… para não os assustar sentei-me na soleira da porta e fiquei ali a contempla-los, maravilhada, como quem esperou acreditando mas também duvidando… e então senti que a esperança se renovava em mim implorando-me que esperasse um pouco mais porque tudo aquilo que eu tanto desejava já vinha a caminho…
E então nos dias seguintes apareceu o sol, os passarinhos a chilrear, o aroma a mimosas, as maravilhosas flores das ameixoeiras e… os dias começaram a ser mais longos e leves…
E, então, recordei uma frase de Chungliang al huang;

“Com o coração repleto de esperança aquilo que, realmente, desejamos é inevitável”.



Autor: Alice Costa

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Memórias...


Recordadando conversas casuais…

Dizia-me um amigo, com mais 10 anos do que eu, e que aos dez anos se distraiu, com um bilhar, no caminho para a escola…
Por azar foi inesperadamente surpreendido com um pontapé, do Pai, que ainda hoje lhe dói!
Eu, ouvi… mas não lhe disse o que pensei…porque realmente só consegui pensar assim…

Grande Pai!


Não é qualquer um que leva um presente destes para a eternidade…



Beijinhos

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Eu confio desconfiando...


Mas algo me diz para confiar no relógio! 
Talvez ele esteja a preparar a resposta...




Beijinhos

quarta-feira, 24 de maio de 2017

segunda-feira, 22 de maio de 2017


A história que tinha o título no fim!
 
 Naquele tempo a aldeia era um lugar muito sossegado! Mas mesmo muito sossegado! Poucos tinham televisão e não havia TV Cabo nem Internet nem Play Stations para passar o tempo livre!
   Também não havia muito tempo livre! Os meninos quando vinham da escola normalmente ajudavam os seus pais nas tarefas do campo!
   No inverno, à noite as famílias reuniam-se à lareira e enquanto o fogo lhes recompensava o cansaço contavam-se histórias! Histórias dos antepassados! Histórias dos que tinham partido para longe e histórias dos que embora não tendo história alguma alguém lhes inventou uma!
   Todas as noites na casa de Paulo se contava uma história que ele, por isto ou por aquilo, levava consigo para a cama!
   Eram mais de dez irmãos e isso só se via bem à noite ali à volta da lareira! Paulo era um dos mais novos! Um rapazinho doce e sensível! Gostava das histórias que o Pai contava à lareira e também gostava muito de música! Quando o Pai o levava às festas das romarias ele ficava deslumbrado com os instrumentos musicais dos ranchos folclóricos!
   Como ele desejava um instrumento musical!
   No seu imaginário tocava qualquer um! Um acordeão! Uma concertina! Uma Viola Braguesa! Um Cavaquinho! Um bombo! O Zaclitrac … e o Reque-Reque fazia-o com certeza de olhos fechados!
…mas havia um instrumento que embora só o visse uma vez na televisão ficara-lhe gravado na alma! No seu imaginário tocava-o divinalmente bem… Era o Violino!
Como desejava um Violino…! Mas não ousava expressar o seu desejo a ninguém! A vida não era nada fácil e ele era suficientemente sensível para perceber que um pedido desses provocaria uma resposta que lhe iria ferir o sonho!
    Mas os sonhos são para realizar e o Paulo começou a trocar os serões à lareira e as histórias que o seu Pai contava por um pedaço de madeira e um serrote!
   Ali num canto da enorme cozinha em pedra, onde o calor da lareira chegava já ténue ele ia esculpindo as formas do sonho que lhe aquecia o coração!
… e então um dia, naquela casa, não houve qualquer história ao serão…
   Paulo pegou, então, no seu Violino e surpreendendo todos tocou, divinalmente, ali à lareira, a mágica melodia de um sonho que guardara silenciosamente na alma e que deu origem a esta história que se chama, “Paulo e o seu violino Mágico”.





domingo, 21 de maio de 2017

Lusitana Paixão - Dulce Pontes




A propósito da Lenda da Severa...


O poeta Bulhão Pato, que a conheceu pessoalmente, deixou o seguinte testemunho da sua personalidade:
 "Foi uma fadista interessantíssima como nunca a Mouraria tornará a ter!... Não será fácil aparecer outra Severa altiva e impetuosa, tão generosa como pronta a partir a cara a qualquer que lhe fizesse uma tratantada!
Valente, cheia de afetos para os que estimava, assim como extremamente rude para com os inimigos.
Não era uma mulher vulgar, podem ter a certeza!"


Por seu lado, Luís Augusto Palmeirim confessa que viu e falou com Severa apenas uma vez, mas que

foi o bastante para nunca mais esquecer a esbelta rapariga, que tinha lume nos olhos…

sexta-feira, 19 de maio de 2017

quinta-feira, 18 de maio de 2017



O misterioso livro de capa dourada






     O meu tio Julião era um homem muito misterioso… não só aos meus olhos mas também aos olhos de quem o conhecia! Tinha um ar muito sério e não me lembro de algum dia me ter parecido mais novo…parecia usar sempre aquele fato castanho e aparentar sempre cerca de setenta anos. 
     Vivia, solitário, num casarão que mais parecia um castelo… tinha-o herdado de um homem muito rico que segundo dizem deixou-lhe tudo aquilo por ter uma dívida de gratidão para com ele… Ninguém sabia o que é que o meu tio lhe tinha feito para acabar recompensado com aquela enorme casa repleta de obras de arte valiosíssimas e de uma fascinante biblioteca!
     Eu, visitava-o muitas vezes mas confesso que não tinha grande afeição por ele contudo havia uma coisa naquela casa que eu adorava…era a biblioteca! Para mim poder estar lá uma ou duas horas era o melhor que me podia acontecer e nisso o meu tio nunca pôs qualquer tipo de entrave!
     Havia lá um livro, de capa dourada, com ar misterioso, que estava colocado numa prateleira completamente inacessível… e acredito que tenha sido lá colocado, fora do alcance, propositadamente! A minha curiosidade sobre aquele livro crescia cada vez que eu lá ia mas faltava-me coragem para abordar o assunto com o meu tio…Ele era um homem de poucas falas e para além disso o meu sexto sentido dizia-me que aquele livro guardava algum segredo que o relacionava!
     Uns anos mais tarde o meu tio, já no fim da vida, ficou gravemente doente e numa das visitas que eu lhe fiz vi que o livro de capa dourada estava ao lado dele, sobre a mesinha de cabeceira, e nesse preciso instante o meu coração começou a bater descompassadamente… como se pressentisse alguma coisa perturbadora! Nesse dia o meu tio já não parecia ter os setenta anos aos quais eu já me tinha habituado…nesse dia, sem o fato castanho vestido, ele tinha muitos mais… Falava já com muita dificuldade…arrastando as palavras como se cada letra estivesse presa a um pedaço de chumbo… por cada palavra que pronunciava fazia uma longa pausa para poder ganhar fôlego e pronunciar a seguinte!

- Luísa, nunca te disse isto mas sempre gostei muito de ti! O tempo que me resta não deve chegar para percorrer novamente esta casa de uma ponta à outra… mas isso agora também não importa nada…porque tenho um presente especial para ti!

- Mas Tio…

Luísa tentou evitar que ele dissesse alguma coisa que estivesse além do que ela estava preparada para ouvir mas a força daquela cruel realidade impediu-a de dizer fosse o que fosse…

- Não…não digas nada! Este livro é para ti e quando o abrires irás perceber muitas coisas…sobre mim… e sobre a vida!

     Tremula, Luísa, pegou naquele livro … nunca imaginando que o peso dele fosse tão indesejável! 
     Em silêncio e verdadeiramente comovida depositou um carinhoso beijo na testa do tio desejando poder dizer-lhe algo mas nada lhe ocorreu…
     Nesse dia e nos dias que se seguiram não abriu o livro… a curiosidade que outrora teve sobre ele desapareceu dando agora lugar ao receio … se pudesse… voltava a coloca-lo novamente naquela prateleira inacessível da biblioteca…

     Quatro dias mais tarde enquanto os sinos anunciavam o desfecho da história de um homem solitário… as lágrimas de Luísa rolavam-lhe sobre a face enquanto se detinha numa carta encontrada entre as páginas do livro de capa dourada…inesperadamente todo em grafia Braille!

“…Quis o destino que eu explorasse a Grafia Braille para levar a alguns dos que não podiam ver… a magia da cor, a maravilha das formas e a plenitude que reside no invisível!
Sim, Luísa… São essas coisas que dão magia à vida! O homem que me deixou a casa da biblioteca, que tanto gostas, e que agora será tua, era muito rico mas era cego! Eu…traduzi-lhe em Braille um sem número de obras literárias… para que ele pudesse maravilhar-se com o sublime que também existe para além do que os olhos alcançam…”


 Autor: Alice Costa



terça-feira, 16 de maio de 2017

Eu a pensar como o Bruno Nogueira...


Parabéns Salvador Sobral!


«Andou-se muito em poucos passos. O Salvador Sobral não cedeu à tentação de ser outro. Nem a Luísa Sobral. Acreditaram que o amor e a honestidade musical podiam dar fruto numa árvore carregada de produtos embalados. Foram apaziguados e discretos, como só vão os que estão certos daquilo que querem, e trouxeram um prémio que tem um significado muito maior do que o festival. Provaram que ser especial é ser fiel àquilo em que se acredita. Em nenhuma conferência de imprensa ou atuação se viu plasticina moldada, viu-se a desconcertante verdade que nos dias que passam teima em dar lugar ao "ser aquilo que os outros vão gostar". É preciso ter tudo no sítio, porque a tentação para derrapar está sempre a piscar o olho. Ontem ganhou-se muito mais do que um prémio, ganhou-se a certeza já esquecida de que a música não é sobre fórmulas matemáticas, é sobre a genuinidade e o amor. Parece fácil, não é? Hoje, ao ver o Salvador e a Luísa serem recebidos por centenas de pessoas no aeroporto, ontem ao ver o Marquês de Pombal ficar baixinho para ouvir o Salvador cantar, fiquei mesmo feliz. Por uma única razão: o talento, o amor, e a beleza das coisas simples ainda espanta o mundo. Se isso não é uma vitória de fazer tremer o coração, então não sei o que será.»
 | bruno nogueira |

quinta-feira, 11 de maio de 2017

domingo, 7 de maio de 2017

Fernando Pessoa



Não Digas Nada!

Não digas nada! 
Nem mesmo a verdade 
Há tanta suavidade em nada se dizer 
E tudo se entender — 
Tudo metade 
De sentir e de ver... 
Não digas nada 
Deixa esquecer 


Talvez que amanhã 
Em outra paisagem 
Digas que foi vã 
Toda essa viagem 
Até onde quis 
Ser quem me agrada... 
Mas ali fui feliz 
Não digas nada. 



Fernando Pessoa, in "Cancioneiro" 

sábado, 6 de maio de 2017

sexta-feira, 5 de maio de 2017

quarta-feira, 3 de maio de 2017

A Máscara



A máscara!



Mascarei-me de mulher fatal no entanto, para minha surpresa, o espelho não aprovou …Faltava ali, certamente, qualquer coisa! Pelo reflexo que me devolveu a falha era Imperdoável!
   Confusa…olhei para aquela imagem como se para outra mulher estivesse a olhar e inspecionei-lhe os elegantes sapatos pretos, de salto alto, que um dia trouxe de Paris… depois avaliei o sensual decote do vestido preto, em seda, que um dia comprei em Milão e por instantes recordei o comentário da lojista quando o experimentei ”Perfetto Signora! Perfetto!”
Não duvidei da sinceridade do seu comentário porque senti que realmente aquele vestido fazia parte de mim…
   O cabelo estava apanhado e a mecha que propositadamente me pendia até à curva do pescoço era certamente um detalhe aprovado…
   O perfume…era Francês e estava à altura daquele batom escarlate condizente com o verniz da mesma cor!
   Ali, também, não me parecia haver motivos para reparos!     
   Aquela mulher, tal como estava, convenceria com toda a certeza um outro espelho qualquer…mas aquele era muito exigente…especialmente com os detalhes…
   Já com vontade de desistir…refleti na dificuldade de ser mulher fatal com um espelho assim…tão perfeccionista! 
   A carteira, que segurava na mão, tinha vindo de Paris, juntamente, com os sapatos e eu sabia que a falha não estava ali…

   Afastei-me por momentos daquele reflexo crítico e foi então que me ocorreu o óbvio…

A máscara!? 
   Como pude eu ter esquecido a máscara?
   Coloquei-a e confiante na perfeição agora atingida voltei a olhar para aquela mulher que o espelho orgulhosamente me disponibilizava!
Bela e Perfeita!
…de repente o som da campainha interrompeu aquela miragem e apressada apertei os cordões dos ténis…
   Abri a porta e um aroma a rosas, escarlate, veio parar-me ás mãos!
Estava elegantemente vestido e não me disse uma única palavra! 
...Depois afastou-se e hoje …já passados tantos anos desde esse misterioso acontecimento apenas lhe recordo a máscara já esbatida… 
…as rosas, essas, ainda frescas, mantenho-as, ali, na jarra de cristal!

Autor: Alice Costa


terça-feira, 2 de maio de 2017

Se perder um amor...


Não se...



Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague o seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa de voltar, volte! Se perceber que precisa de seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudade, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o encontrar, segure-o!


Autor: Fernando Pessoa