A apanha, massiva, de Godos
Peguei no saco, meti-lhe lá dentro uma toalha, o protector solar
e o “Livro de crónicas” de António Lobo Antunes…e fui para a praia!
Gosto daquele sítio…fica a cerca de três quilómetros de casa
mas devolve-me cada metro que percorro em tranquilidade…
Fuí para o “meu” sítio preferido e
depois de estender a toalha sentei-me a observar o mar...
Estranhamente apercebi-me
que quase todos os que por ali andavam apanhavam godos (ou seixos como queiram)
para sacos…grandes sacos! …Cada um tratava de si…portanto não pertenciam a
nenhum grupo!
Questionei-me para que seriam os
godos…talvez houvesse por ali alguma tradição que eu não conhecesse…
Talvez houvesse a “festa do godo” ou coisa assim!
Um casal, perto de mim, começou a apanha
e eu discretamente tentei perceber se havia algum critério na selecção ou se a apanha era aleatória…Sem grandes certezas apercebi-me que devia
haver algum critério porque nem tudo ia para o saco!
Eu estava cada vez mais curiosa…aquilo
não era normal…fui inúmeras vezes para aquela praia e nunca vi ninguém a
apanhar godos daquela maneira…
Vi que um casal de meia-idade vinha
agora a cambalear, devido ao excesso de peso do saco, pelo passadiço! Levantei-me da toalha e vim calmamente até ao ponto onde eles iriam,
inevitavelmente, passar…
- Desculpem-me a intromissão mas
vejo tantas pessoas por aqui a apanhar godos…existe algum motivo especial?
- Não! São para enfeitar o jardim! –
Disse-me a senhora com toda a simpatia do mundo!
- Ahhhhh! – Disse eu! Dei o enfase
possível à admiração para convencer os meus ouvidos de que tinha feito uma descoberta
transcendente…
O marido (julgo eu que era marido) igualmente
simpático retirou logo um grande godo achatado do saco e disse…
- Olhe este!
- Que bonito! – Disse eu! (E era!)
Perplexa, voltei para a toalha e agora desvendado aquele mistério…
Não me venham dizer que não há coincidências!
Autor: Alice
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