"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não me esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar o autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um Oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da Vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho? Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo..."
Digo eu, insegura, acreditando na receita... Uma boa escritora e uma excelente ilustradora!
Ilustração de Paula Rego..."Todos os dias entrava no oceano..."
Embora eu nunca tenha sido uma grande admiradora das obras de Paula Rego, por achar que são demasiado dramáticas e porque, mais parecem retratos de quem já vive no inferno antes mesmo de saber se ele realmente existe... Acabei, por casualidade, por ler uma entrevista que, Paula Rego,deu a um jornal Nacional e sem filtros percebi as sombras da arte que a vida não conseguiu conter! Percebi,então,e finalmente, o drama de uma alma aprisionada... Não resisti à história de Cas Willing (Sopa de Pedra) ilustrada por Paula Rego (Sua mãe) que tornam o livro em mais uma obra de arte! Texto de Alice Costa
um
cientista, um pintor, um arqueólogo, um estilista, um astronauta, um cantor, um
marinheiro.
E o sonho e
a distância, e o tempo e a saudade deram-nos vida, amor, problemas, mentiras e
verdade; e damos por nós mesmos descobrindo que agora, se calhar, já é um pouco
tarde.
E nas
memórias velhas e secretas da menina morou sempre aquele sonho de um dia ser...
bailarina,
atriz, modelo, princesa, muito rica; eu sei lá!
Mas os anos
correram num assombro, e a vida foi injusta em qualquer jeito para a chama
indelével que ainda arde.
E os filhos
são bonitos no seu peito.
Pois é...
mas
agora...
agora já é
tarde.
E nos
papéis antigos que rasgamos há sempre meia dúzia que guardamos.
São os
planos da conquista do Pólo Norte que fizemos aos sete anos, escondidos no
sótão uma tarde, e estiveram perdidos trinta anos.
E agora, se
calhar, maldita sorte!
Por
desnorte, acaso ou esquecimento, alguém já descobriu o Pólo Norte e agora...
agora
pronto, agora já é tarde.
Há sempre
nas gavetas escritores secretos, cientistas e doutores, desenhos e projetos
construtores feitos em meninos de tudo o que sonhámos fazer quando fosse a
nossa vez!
Cientistas
em busca de Plutão, arqueólogos no Egipto, viajantes sempre sem destino,
futebolistas de sucesso no Inter de Milão.
E o curso
da vida foi traidor, e o curso da vida foi cobarde, e o ciclo do tempo
completou-se, e agora...
e agora
pronto, paciência, agora já é tarde...
Agora é
tarde.
Emprego,
casa, filhos muito queridos, algum sonhar ainda com amigos, às vezes sair,
beber uns copos p'ra esquecer ou p'ra lembrar, e fazer ainda um certo alarde,
talvez para esconder ou para abafar, como é já tão demasiado e tão
impiedosamente tarde...
Não...
mas não,
não; nunca é tarde para sonhar!
Amanhã
partimos todos para Istambul, Vladivostock, Alasca, Oslo, Dakar!
Vamos à
selva a Timor abraçar aquela gente e às montras de Amsterdam (que eu afinal
também não sou diferente).
Chegando a
Tóquio são horas de jantar, depois temos de voltar a Bombaim, passando por
Macau e Calcutá, que eu encontro Portugal em todo o lado e mesmo fugindo nunca
saio de mim.
E se esse
marinheiro, galã, aventureiro, esse, que já não há, pois que me saiba cumprir
com coerência, nos limites decentes da demência, nos limites dementes da
decência; e cumpramo-nos todos, já agora, até ao fim, no que fazemos, na
diferença do que formos e dissermos!
E
perguntando, criando rebeldias, conferindo aquilo que acreditamos e que ainda
formos capazes de sonhar!
E se
aquilo, aquilo que nos dão todos os dias não for coisa que se cheire ou nos
deslumbre, que pelo menos nunca abdiquemos de pensar com direito à ironia, ao
sonho, ao ser diferente.
E será
talvez uma forma inteligente de, afinal, nunca...
nunca,
nunca ser tarde demais para viver, nunca ser tarde demais para perceber, nunca
ser tarde demais para exigir, nunca ser tarde demais para ACORDAR.