Olá!
As férias estão aí e no meu imaginário já começei a preparar as malas para a viagem dos meus sonhos...
Peguei em dois livros para levar! Ao abrir a pequena mala amarela, para os colocar, acabei por decidir levar apenas um, que é
"O Símbolo Perdido" de
Dan Brown.
O outro, aquele que decidi não levar, contém várias histórias...e de repente lembrei-me que só me faltava ler uma delas...apenas uma pequena história!
Como ainda falta algum tempo para eu partir vou então ler aqui a minha pequena história...
Uma Biblioteca Fabulosa
Quando eu ia àquela Biblioteca, a primeira coisa que eu
fazia era subir as escadas que davam para o andar de cima… era uma espécie de
sótão que eu acreditava não ter sido ainda descoberto por mais ninguém...
Não sei porquê, mas, as pessoas que iam àquela biblioteca concentravam-se
todas no andar de baixo! Umas em pé, outras sentadas, cada uma presa ao livro
que elegera, pareciam não perceber que existia ali outro andar …
A parte superior era o meu sítio preferido e desejava de todo
o coração que nunca ninguém percebesse a existência daquelas escadas… Assim, ficava
só para mim!
Eram tantos os livros que ali existiam! Eu até já os tinha
tentado contar por diversas vezes, mas nunca consegui terminar antes de ter que
ir embora!
Normalmente, sentava-me, ali, naquele banquinho cilíndrico forrado
a tecido adamascado já desgastado e com filamentos dourados esfiapados que mais
parecia um gato eriçado!
Era ali que eu ficava a ouvir as conversas dos livros!
Sim! No andar de cima daquela biblioteca os livros falavam!
Também se viam por ali muitos dos personagens das histórias!
Sim! Até já ali tinha
visto a Alice do País das Maravilhas a conversar com a Branca de Neve e com os
sete anões! Eram mesmo muito pequeninos… mesmo iguaizinhos aos da história!
Ali, naquele espaço, só o cheiro é que era sempre igual
porque no resto era sempre diferente, desde os temas de conversa entre os
livros mais didáticos às brincadeiras dos mais pequenos …naquele andar tudo era
mágico!
Os livros de Filosofia tinham longas e profundas conversas
com os de Psicologia que os entendiam perfeitamente!
Os de História e os de Ciências nem sempre estavam de acordo
mas não havia qualquer hostilidade entre eles!
Os de Química e os de Física eram inseparáveis… autênticas
Almas gémeas!
Os de Matemática não dialogavam muito, o cálculo exigia-lhes
muita concentração!
Os de Poesia revelavam sensibilidades e percepções
singulares!
Os infantis, esses, andavam sempre na brincadeira entre as
estantes, esconde ali, esconde acolá!
Lá ao fundo, num recanto, junto à estante dos Romances,
mesmo por baixo da clarabóia, estava um menino com um caixote de papelão metido
na cabeça onde apenas se viam dois buraquinhos à altura dos olhos… certamente eram
para poder ver!
Vi que estava de mão dada com uma bela menina de cabelo cor
de fogo e, pela forma como se olhavam, eram certamente protagonistas de uma
bela história de amor…
Olhei para o relógio
e vi que já era muito tarde!
Apressada, desci as escadas e vi que, para além dos dois
funcionários da biblioteca, a D. Antonieta e o Sr. Bernardo, o andar de baixo
estava já deserto…
Ocupados e muito atentos à organização dos livros nem deram
por mim quando, sorrateiramente, me dirigi para a porta de saída…
- Bernardo, por favor sobe à arrecadação e vê se encontras
lá o exemplar do livro “Felismina
Cartolina e João Papelão” que não o encontro aqui em lado nenhum!
Autor: Alice Costa
História publicada no 9 nº. da revista "A Casa das linguagens".
Beijinhos e Boas férias!