Coração independente
"Coração
Independente Vermelho apresenta-se sob a forma de um enorme coração de
Viana, peça icónica da filigrana portuguesa, pacientemente preenchido com
talheres de plástico vermelho. Suspensa a partir do eixo, a obra executa um
movimento rotativo circular, evocativo dos ciclos da vida e do eterno retorno,
acompanhado pelo som de três expressivos fados, Estranha Forma de Vida, Gaivota e Maldição,
interpretados por Amália Rodrigues, diva da música portuguesa da segunda metade
do século XX. O título da peça é precisamente retirado de um dos versos do
primeiro fado, da autoria de Alfredo Duarte (Marceneiro) e Amália Rodrigues,
cuja lírica evoca o conflito entre emoção e razão. Ao multiplicar o uso de
vulgares talheres de plástico até à abstração da sua forma original, para os
converter numa obra de arte inspirada numa valiosa peça de filigrana, os
referentes inicias surgem transfigurados por novos esquemas sociais e
artísticos sugeridos, expondo, assim, a artificialidade das fronteiras traçadas
entre luxo e banalidade. Coração Independente Vermelho apresenta-se
como uma poderosa e emotiva instalação sonora e cinética dedicada ao amor, um dos
temas recorrentes nas líricas do fado."